A AUDIODESCRIÇÃO NO INCRÍVEL FESTIVAL SESI DE BONECOS

Foto colorida do boneco palhaço de Victor Antonov, com os braços abertos segurando duas batutas, blusa verde e calça larga branca, laço de bolas pretas no pescoço, cara pintada e um grande nariz vermelho.Bonecos mamulengos, marionetes, fantoches, bonecos de vara e marionetes feitas com partes do corpo criaram vida e foram todos eles transformados em personagens carismáticos pelas mãos habilidosas dos mestres bonequeiros, vindos de diversos países, como Rússia, Peru, Chile, Itália e Brasil. O Teatro SESI durante a semana e o Parque Ibirapuera no último final de semana com chuva e frio receberam, em seus palcos, apresentações fantásticas do FESTIVAL SESI DE BONECOS DO MUNDO, considerado um dos maiores festivais de animação do mundo. Os espetáculos dos mestres bonequeiros encantaram adultos, crianças e puderam, também, ser apreciados por pessoas com deficiência visual, deficiência intelectual e surdos, pois todos os espetáculos contaram com os recursos de acessibilidade comunicacional: audiodescrição e interpretação em LIBRAS.

Os olhos atentos das audiodescritoras Jumara, Fátima, Luciamaria e Lívia da VER COM PALAVRAS, acompanharam atentamente os movimentos e ações, registraram os trajes, cenários e adereços e transformaram em palavras  as incríveis acrobacias, o desfile dos carros andantes, a habilidade e destreza dos manipuladores dos bonecos, a elegância do mestre de cerimônias com suas pernas de pau, a graça do divertido mascote do festival, um mamulengo de pelúcia amarela e cabelos vermelhos, construído através da técnica “luva com varas”.
O famoso mestre bonequeiro russo, Victor Antonov, deu vida a artistas circenses como o esperto e risonho palhaço com um passarinho cantor pousado em seu nariz; o halterofilista com sua calça vermelha com suspensórios e camisa branca de mangas bufantes que ficava com as faces vermelhas com o esforço de levantar os pesos; os malabaristas nos seus monociclos; a trapezista pendurada no aro dourado; o beduíno engolidor de facas e seu camelo dançante; o hindu fumando seu narguile, equilibrando uma roliça dançarina do ventre com o busto nu sobre uma plataforma redonda; os traquinas macaquinhos equilibristas; o mágico com capa e cartola pretas com seu bule mágico que fazia as flores crescerem.
Renato, Inês e Carmine, os simpáticos integrantes das companhias peruanas Hugo e Inês e La Santa Rodilla, transformaram pés, joelhos, ventre, cotovelo e mãos em bonecos de carne e osso, graciosos e expressivos, verdadeiros poemas visuais.
 Já a companhia italiana Girovago e Rondella apresentou o espetáculo sem palavras: Manoviva, com os incríveis personagens Manim e Manon, que caminham, jogam malabares, cospem fogo, equilibram-se em cordas, tocam instrumentos e fazem acrobacias em um circo miniatura, acompanhados por dois músicos de carne e osso que tocam ao vivo e dois manipuladores de grande experiência e uma habilidade surpreendente. Manin e Manon são mãos que se transformam em bonecos: a cabeça no dedo médio, os dedos polegar e mínimo, os pés dos bonecos com sapatos, os dedos indicador e anelar, as mãos com luvinhas.
Todos esses mestres bonequeiros foram aplaudidos de pé por pessoas com e sem deficiência. O pequeno Ian, com 9 anos e já um frequentador assíduo de espetáculos com audiodescrição, acompanhado por sua mãe Nanci, seu pai e irmã, adorou o espetáculo de Victor Antonov. Perguntamos, Jumara e eu, o que ele havia mais gostado e ele disse que tinha sido o halterofilista que ficou com a cara vermelha quando conseguiu, finalmente, levantar os pesos.
 Foto colorida do pequeno Ian, com camiseta azul e calça jeans, no meio de sua família: irmã, pai e mãe, após apresentação de Victor Antonov.
Também Sidney, Roselene e Laércio curtiram os espetáculos e os fragmentos de seus depoimentos traduzem a importância da audiodescrição para o entendimento do espetáculo e para a inclusão cultural:
“Sem audiodescrição o espetáculo de sexta-feira  seria apenas uma música de fundo e alguns sons que identificam um show circense. Já o de quarta, seria apenas a manifestação do público”. (Sidney Tobias)
“A audiodescrição colaborou totalmente para o entendimento. Em um espetáculo totalmente visual, se não tivéssemos a colaboração da audiodescrição, estaríamos lá sentados sem saber o que estava acontecendo, se existia alguém no palco, sem saber o porque da risada das pessoas que assistiam, conclusão estaríamos realmente cegos.” (Roselene Celotto)
 
“Sem a audiodescrição seria totalmente impossível de se entender algo, uma vez que, não havia qualquer diálogo nas apresentações.” (Laércio Santana)
Um grande número de pessoas com deficiência intelectual compareceu no Teatro SESI para assistir ao espetáculo de Girovago e Rondella. Ofereci os fones, explicando para as professoras e alunos os benefícios da audiodescrição. Eles aceitaram entusiasmados e embora eu não tenha dados que possam comprovar a ampliação do entendimento, posso adiantar que a reação foi extremamente positiva. Fica aqui registrada a intenção de fazer uma pesquisa sistemática com esse público para poder, então, discutir e aprofundar os benefícios da audiodescrição também para as pessoas com deficiência intelectual.
No final de semana, o grupo Amigos prá Valer compareceu ao Parque Ibirapuera para assistir aos espetáculos de vários grupos, exibidos nos 3 grandes palcos e também ao desfile dos bonecos e carros andantes do Grupo Giramundo. A chuva intermitente e o frio intenso fizeram com que o grupo voltasse para casa mais cedo, mas com gosto de quero mais
Digna de destaque foi a localização da cabine de audiodescrição no Parque Ibirapuera: bem no alto da torre de som, com ótima visão de palco. O complicado foi chegar até ela… Tivemos que subir por uma escada de pintor e na hora de descer… Devo admitir que foram fortes emoções…
Fátima da VER COM PALAVRAS entre as meninas da MGM, na frente da torre de som e iluminação com a cabine na parte de cima. Uma escada está encostada na torre.
No Parque Ibirapuera, os shows eram também transmitidos pelos telões situados nos dois lados dos palcos, o que nos permitiu enxergar com detalhes toda a movimentação dos bonecos. No Teatro Sesi, contamos com a ajuda do potente binóculo da Jumara para poder enxergar, por exemplo, as pintinhas pretas e penas amarelas do passarinho pousado no nariz do palhaço, o rosto vermelho do halterofilista, os seios descobertos da dançarina do ventre.
Parabéns ao SESI, aos produtores e organizadores do FESTIVAL! Certamente, uma experiência inesquecível para todos nós!!! E que o mesmo sucesso de São Paulo se repita no Rio de Janeiro…
Por Lívia Motta (publicado em 23/08/2011)

 

2 Comentários para A AUDIODESCRIÇÃO NO INCRÍVEL FESTIVAL SESI DE BONECOS

  1. avatar

    Muito lindo!!
    Parabéns às audiodescritoras pelo malabarismo da audiodescrição.
    Elizabet

    • avatar

      Cara Elizabet,

      Tivemos que acompanhar o mesmo ritmo circense dos personagens…
      Beijo.

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